Experiências da Universidade Sustentável

Prof. Gerson Joner da Silveira
Reitor UNISUL

Universidad del siglo XXI: uma universidad para el desarrollo sostenible
Simpósio Veracruzan de Otoño. México 2007

Parte 1 – Breve Introdução

“Nós vivemos até agora na suposição de que o que era bom para nós era bom para o mundo. Foi um engano. Precisamos alterar nossa existência de modo que seja possível viver com a convicção contrária, de que o que é bom para o mundo há de ser bom para nós. E isso exige que nos esforcemos para conhecer o mundo e aprender o que é bom para ele. Temos de aprender a colaborar com seus processos e compreender os seus limites. Porém, o que é ainda mais importante, devemos aprender a reconhecer que a criação é cheia de mistério; nunca a entenderemos claramente. Devemos abandonar a arrogância e respeitar. Temos de recobrar o sentido da majestade da criação e a capacidade de honrar a sua presença. Pois só nas condições de humildade e reverência perante o mundo é que a nossa espécie será capaz de permanecer nele.”

Wendell Berry

 

Há uma frase de “Arroyo” que me acompanha, e de que gosto muito: "Não nascemos humanos, nos fazemos." Esta oportunidade de estarmos falando de um tema caríssimo à toda a humanidade, que é a sustentabilidade , neste Simpósio da Universidad VeraCruzana, muito me motiva e entusiasma, porque estamos todos aqui reunidos tocando em questões sobre a natureza humana, sobre a nossa consciência e a conscientização mundial, sobre princípios e propósitos das Universidades, sobre destinos de povos. De certo modo, ao falarmos de sustentabilidade estamos tocando em expressões como pensamento sistêmico, utilização sensata dos recursos, bem-estar , qualidade de vida , felicidade. Estamos tocando, sobretudo, na delicada expressão que é a sobrevivência da espécie humana, e a sobrevivência do planeta Terra. Por outro lado, estamos falando da coisa mais bela e misteriosa que é a própria vida, o que justifica a reunião entusiasmada de pessoas de lugares tão diferentes em torno de um objetivo comum. Agradeço, assim, a oportunidade de estarmos conversando sobre um tema que busca harmonizar e humanizar o conjunto de sistemas ou “ecossistemas” mundiais – os ecossistemas sociais, econômicos, culturais, éticos.

Foi com muito interesse que acompanhei as exposições, referentes ao tema deste Simpósio – e cabe a mim o tema das experiências de desenvolvimento sustentável das universidades latino-americanas. Nesta exposição, com que me honrou fazer o Dr. Arthur Arias Lovillo - magnífico Reitor da Universidad Veracruzana - desejaria que minhas palavras pudessem trazer perspectivas de análise complementares e de igual interesse, para que possamos caminhar mais alguns passos no rumo da integração latino-americana e, mais especificamente, da integração das universidades latino- americanas, no propósito comum de colaborar na sustentabilidade do processo de desenvolvimento desta parte do mundo.

 

Parte 2 – O Conceito de SUSTENTABILIDADE: a perspectiva “ambiental” e a perspectiva “sistêmica”

Para não me alongar num conceito que vejo que foi amplamente colocado por expositores de outros países, quero apenas citar o conceito de sustentabilidade que encontrei na Wikipedia, e que nos ajudará a entender o desenvolvimento sustentável nas Universidades:

Sustentabilidade é um conceito sistêmico , relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos , sociais, culturais e ambientais da sociedade humana.

Propõe-se a ser um meio de configurar a civilização e atividade humanas, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais.

A sustentabilidade abrange vários níveis de organização, desde a vizinhança local até o planeta inteiro. Para um empreendimento humano ser sustentável, tem de ter em vista 4 requisitos básicos. Esse empreendimento tem de ser:

•  ecologicamente correcto;

•  economicamente viável;

•  socialmente justo; e

•  culturalmente aceito. “

A partir desta conceituação da Wikipedia, o que podemos inferir ? Podemos distinguir a questão do desenvolvimento sustentável sob duas perspectivas.

A PRIMEIRA, mais simplista, mais “reducionista”, refere-se ao conceito mais restrito de sustentabilidade ambiental, considerando como esta questão se insere no contexto de um mundo globalizado, de diferentes características, grau de desenvolvimento e responsabilidades. Aqui, no sentido estrito da sustentabilidade ambiental, podemos salientar várias questões.

1º. - É quase lugar comum falar da ameaça que paira sobre o Planeta, em decorrência do desequilíbrio que a ação humana vem produzindo globalmente . Esta ameaça atinge os solos, as águas, a vegetação, a vida humana e animal, expande-se para a atmosfera, alcança o ar, o espaço, de modo que se pode dizer que não só o ambiente dos homens, mas o ambiente onde se move o Planeta esta ameaçado.

2º. - À ameaça ambiental soma-se a ameaça de esgotamento dos recursos da terra. No último século o homem degradou o meio ambiente e consumiu recursos da terra numa dimensão maior do que o fizera em toda a história da raça humana . Por lugar comum, estamos tentados a nos acostumar com tal ameaça. Mas se projetarmos isto para o futuro, conclui-se com segurança que não haverá futuro para humanidade se não forem transformados radicalmente os parâmetros que envolvem a sustentabilidade ambiental e o uso dos recursos naturais do Planeta.

3º. - A s nações, ou os povos periféricos, são freqüente e duramente acusados de poluir o meio ambiente e destruir os recursos naturais . Em outras palavras , afirma-se que a miséria é responsável pela situação de deteriorização ambiental e mau uso dos recursos naturais . A parcela de verdade que possa haver em tal atitude decorre de que povos periféricos ou de que a miséria carecem de tudo, não só dos bens materiais, desde a alimentação até a saúde, mas do conhecimento, das tecnologias e dos instrumentos alternativos que poderiam responder as suas necessidades, ou por que não dizer de seus direitos enquanto seres humanos. Insisto nesta questão porque entre os povos periféricos ou regiões periféricas, enquadra-se nossa América Latina. Creio, pois necessário que a Universidade assuma uma posição em torno desta questão;

4º. – A sustentabilidade ambiental envolve nossas relações com os países centrais, e assim, é necessário perceber - para contribuir no processo de desenvolvimento sustentável das regiões periféricas, no caso de nossa América Latina - que existe uma dívida permanente, que alcança dimensões éticas, dos países desenvolvidos em relação às regiões periféricas, dívida cujo pagamento deveria substituir a crítica. Historicamente, deve-se considerar o processo de apropriação pelos paises ditos colonizadores dos recursos de suas colônias, mas entre esses recursos não basta considerar os recursos naturais. Na verdade, o processo de apropriação havido envolve a destruição das culturas locais e a imposição de formas de estruturação e convivência social alheias às culturas destruídas. Este fenômeno, somado ao descaso em algumas regiões - cito o Brasil e porque não a América Latina - pela educação, pela geração ou mesmo transferência do conhecimento, foram fatores decisivos na produção ou na consolidação da miséria, de um lado, o nosso lado, e para a produção da riqueza, de outro, o deles. Essa dessintonia toma dimensões maiores quando alguns paises que construíram sua riqueza, mesmo à margem desse processo histórico especifico, persistem em manter políticas agressivas ao meio ambiente, recusando-se a cooperar no processo de desaceleração da ameaça de colapso ambiental . Essa postura torna-se um sinal ainda mais vermelho quando as estatísticas mostram que esses paises são os principais responsáveis pelo consumo dos recursos do Planeta e pela deteriorização ambiental.

Trago estas questões para remetê-las à consciência e às preocupações universitárias para incentivar uma busca de conhecimento adequado de tais questões, pois sem seu equacionamento adequado corre-se o risco de deixar assuntos de tamanha importância ao sabor da demagogia, das palavras ao vento, que se perdem por falta de consciência, de vontade, ou de soluções.

A SEGUNDA perspectiva, mais completa, mais sistêmica, nos leva à análise de alguns aspectos do desenvolvimento humano, ou do desenvolvimento como processo global, que além da sustentabilidade ambiental envolve, ou deve envolver, outros aspectos da vida humana além de suas relações com seu meio, ou o Planeta. Sob este aspecto quero deixar sublinhado que o conceito de desenvolvimento cuja sustentabilidade buscamos, além de ir além da sustentabilidade ambiental, vai além do simples desenvolvimento econômico . Ele abrange a integridade do desenvolvimento humano, em suas dimensões sociais, culturais, éticas, políticas , e todas outras que possam contribuir para a plena realização humana; qualidade de vida; acesso aos bens materiais, culturais; espirituais; participação; consciência solidária; segurança e a paz.

Nesta perspectiva mais abrangente e sistêmica, podemos salientar dois pontos essenciais.

1º - O desenvolvimento humano inclui não só a sustentabilidade ambiental, mas, como dissemos, vai além. Demorou bastante a civilização para entender que o processo de desenvolvimento, não só por razões éticas, mas por razões de sobrevivência, também deve ultrapassar o desenvolvimento meramente econômico, como por muito tempo foi considerado.

Esse conceito mais abrangente começou a ser pensado a partir dos anos 70, de novas tendências, práticas e paradigmas na ciência, nas empresas e na sociedade. Naquela época surgiram expressões como sociedade do conhecimento, abordagem sistêmica, pensamento complexo, transversalidade, interdisciplinaridade, transdisciplinaridade , mais a dimensão “sensibilidade” – ética, valores, princípios. Da RIO'92 saíram outros importantes documentos nesta linha mais abrangente, como o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Responsáveis e Responsabilidade Global, e o conceito de “Sociedades Sustentáveis” . Este alerta foi para chamar a atenção à imprecisão de uma visão “macro” e unilateral limitada ao desenvolvimento econômico, e para despertar à dimensão humana e social e sua diversidade, pois o “homem humano” e suas relações com o meio são mais importantes do que o “homem econômico”.

Embora a ONU tenha incorporado este conceito na década de 80, na prática a questão do desenvolvimento humano permanece secundária nos indicadores e nos parâmetros que medem o estado de desenvolvimento: prevalecem indicadores como o crescimento do PIB, o crescimento da renda, os índices de consumo, ou das exportações, por exemplo, sempre tidos pela média, sem considerar as distorções que as médias produzem, dentre as quais a concentração e a exclusão decorrente são as mais grave;

2º - A esse fenômeno crescente, as políticas oficiais em geral respondem com políticas compensatórias que não promovem o homem, que não o fazem participativo do processo - ao contrário, o excluem. Concentração de um lado, exclusão do outro, esta é a fórmula que faz crescer o desequilíbrio e, em toda natureza, tudo o que se desequilibra além de certo limite é e torna-se “insustentável”. Não há de ser diferente nos processos humanos .

Torno a alertar que tais questões devem fazer parte da consciência da Universidade, para aprofundar seu conteúdo cientifico e contribuir na sustentabilidade do desenvolvimento . Se isto não ocorrer, a contribuição da Universidade pode acabar consolidando o conceito – e as posturas em voga - de que o processo de desenvolvimento é um processo econômico e que as políticas sociais são apenas compensatórias termo consagrado nas últimas décadas do século passado ou frequentemente apenas assistenciais, como se faz hoje. Isto se torna tanto mais grave porque as políticas compensatórias (ou assistenciais) passam a atingir sobretudo os fatores do desenvolvimento humano: a educação, a saúde, a moradia, o acesso à cultura, ao lazer, enfim à cidadania.

Colocadas essas questões como pano de fundo, teço agora algumas considerações especificas sobre a sustentabilidade, porque se a própria Universidade não é sustentável, que contribuição ela pode emprestar ao processo de desenvolvimento?

 

Parte 3 – A Sustentabilidade das Universidades da América Latina

“A educação é a capacidade de perceber as conexões ocultas entre os fenômenos”

Václav Havel

 O termo “sustentabilidade” ou “desenvolvimento sustentável” aplicado às Universidades nos faz refletir sobre a própria sustentabilidade das Universidades da América Latina, não apenas individual ou nacionalmente consideradas como um sistema integrado, articulado e cooperativo, condições essenciais, a meu ver, para que a Universidade latino-americana possa efetivamente constituir-se num instrumento eficaz para a sustentabilidade do processo de desenvolvimento. Estou seguro de que se a América Latina não se desenvolver globalmente, é pouco provável que possam se desenvolver sustentavelmente apenas alguns países ou algumas regiões que a compõem, e não apenas numa perspectiva financeira ou ecológica.

O que seria, assim, uma sustentabilidade “sistêmica”, global, abrangente, na Universidade?

Estou convencido que uma Universidade que não realiza sua missão e seus objetivos, não é sustentável enquanto Universidade, por mais que desfrute de sustentabilidade financeira; não é sustentável uma Universidade que resiste a inovação, que pára no tempo, enquanto a mudança torna o mundo cada dia diferente; não é sustentável uma universidade que não se insere no seu meio, dando repostas adequadas às aspirações e demandas da sociedade; não é sustentável para um mundo que desejamos construir como um mundo humano, sintonizado com os avanços da ciência e da tecnologia; não é sustentável uma Universidade que não defina, cultive e difunda valores humanos, suporte para dar sentido maior à sua contribuição para o desenvolvimento sustentável.

Creio que os pesquisadores da Universidade Nacional Autônoma do México, Rodrigo I Rocena e Judith Sutz, em seu livro “A Universidade Latino Americana do Futuro”, resumiram muito bem os objetivos da Universidade neste contexto: como elas podem ser sustentáveis e ao mesmo tempo atuarem para a sustentabilidade ?

“Es indispensable (...) definir la nueva misión de la Universidad y acentuar la responsabiliad social de los que tienem el privilegio de tener acceso a ella. Em los câmbios que se avecinan, a la universidad latinoamericana – además de los nuevos roles em cuanto a los desafios cientifico-tecnológicos y del nuevo tipo de relaciones que debe estabelecer com la sociedad em general y com el sistema productivo em particular – le corresponde también el importante papel de estar vigilante para garantizar em sus comunidades:

- una cultura de la justicia social y de los derechos humanos;

- el rescate de los valores regionales, universales y de fé em los pueblos de este continente;

- la formación de professionales capaces de dominar intelectualmente el sistema productivo em prol de lãs culturas regionales latinoamericanas;

- menor dependência tecnológica y mayores esfuerzos para humanizar la tecnologia;

- mayor participación em la interacción cultura-desarollo, de manera que la universidad asuma su doble función de mediación crítica y de servicio a lãs exigências de la sociedad;

- desarrollar una mayor articulácion entre los centros acadêmicos de alto nível con vocación regional e internacional;

- fortalecimento de la identidad y pluralidad cultural;

- producción de horizontes reflexivos sobre los câmbios de la sociedad actual y del meroramiento de uma conciencia crítica y emancipadora, y el compromiso com uma cultura de la ética basada em valores de solidaridad y justicia social (García G., 1996ª:123)”

 

Parte 4 – O desenvolvimento sustentável das Universidades da América Latina

Gostaria, neste momento, de traçar um panorama da realidade das Universidades da América Latina, ao mesmo tempo em que delineio, dentro do que foi possível reunir de informações, como o desenvolvimento sustentável é vivido e experenciado em nossas Universidades , sob diversos pontos de vista.

Ponto 1 – Diversidade de realidades na América Latina

Inicialmente, quero dizer que é muito diversificada a realidade das Universidades latino americanas , como dos cenários onde se localizam e atuam. Na América Latina existem Universidades que datam dos primeiros anos do descobrimento (como a de Santo Domingo), e outras mais recentes, a partir de 1930 (como as brasileiras). No entanto, não quero me alongar nesta análise, apenas a deixo registrada como um dado a ser considerado, pois a maioria das instituições universitárias latino-americanas são muito “jovens” em comparação com as do Primeiro Mundo.

Ponto 2 – Universidade como vanguarda ou como atraso (conservadorismo)

Devemos considerar que, mundialmente, mesmo no Renascimento, as grandes transformações artísticas e científicas aconteceram fora da Universidade, mesmo nos países ditos desenvolvidos - Michelangelo, Raffelo, Maquiavel, Galileo, Descartes, Copérnico, são exemplos de personagens que denotam o conservadorismo e a lentidão que caracterizaram a Universidade durante longo tempo. Somente a partir dos séculos XIX e XX, que a Universidade passou a retomar o seu papel de ente que deve estar sintonizada com a vida, com a sociedade, com os avanços, e ser inclusive vanguarda nos grandes processos sociais e de transformações. Disto decorre que a Universidade latino-americana, apesar dos esforços de inserir-se no mundo, não consegue ser tão rápida quanto as outras organizações que pesquisam e atuam no tema da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável com muito mais estrutura, recursos e rapidez. A questão do financiamento , aqui, é essencial.

Ponto 3 – Gestão das Universidades latino-americanas

De tudo o que foi por nós pesquisado, ficou claro que a Gestão da maioria das Universidades ainda está timidamente sintonizada com a sustentabilidade. E é lugar comum dizer que a Universidade é uma instituição-chave da nossa sociedade e forma futuros líderes, técnicos, cientistas e formadores de opinião. É bom dizer, também que é de nossas Universidades que saem pessoas que destroem e protegem o meio-ambiente, que promovem políticas públicas favoráveis ou desfavoráveis à sustentabilidade . Se olharmos para a História, veremos que em 1998 se deu a WCHE: Conferência Mundial sobre o Ensino Superior para o Século XXI (Paris, UNESCO). Este evento deu ênfase à gestão profissional e da importância das fontes de financiamento da educação superior , para atingir objetivos em sustentabilidade. A seqüência dessa Conferência, realizada em 2003 (WCHE+5), reforçou intensamente esse importante papel da universidade relativo à sociedade e ao meio ambiente. Podemos elencar, a partir daí, que a gestão e o financiamento da educação superior requerem o desenvolvimento de capacidades e estratégias apropriadas de planejamento e análise de políticas (UNESCO, 1999); e que a meta suprema da gestão [na universidade ] deve ser implementar a missão institucional por meio da garantia de uma ótima qualidade n ensino, pesquisa e prestação de serviços de extensão à comunidade. Este objetivo requer uma administração que demonstre visão social, incluindo a compreensão de questões globais e habilidades gerenciais eficientes .

Ponto 4 – Conseqüências da gestão da Universidade

No ensino superior brasileiro, assim como na maioria dos países latino-americanos , são ainda pouco significativas, a pesquisa e a produção em Educação Ambiental e a inserção de temas e conteúdos voltados para a sustentabilidade nos cursos superiores e nas práticas de administração física do campus. Uma grande parte das dificuldades e no não-alinhamento de atores no processo de ambientalização da universidade são imputáveis à gestão pouco dinâmica e integrada e/ou à falta de vontade política no governo das Universidades. Para completar o quadro, muitos docentes não possuem sensibilidade ambiental, conhecimentos ou motivação para desenvolverem um esforço de sensibilização ambiental dos alunos e de promoverem pesquisa e criação de tecnologias sustentáveis.

Assim, a maior parte dos projetos pedagógicos dos cursos de graduação das universidades latino-americanas:

•  não identifica aos alunos as realidades sócio-ambientais e os problemas que esses futuros profissionais vão encontrar e enfrentar em suas atividades;

•  não sensibiliza os alunos para a responsabilidade ambiental e o impacto, no meio ambiente, de sua futuras profissões;

•  não suscita informação aprofundada sobre a legislação ambiental aplicável a praticamente todas as áreas técnicas, tecnológicas e até sociais;

•  não oferece disciplinas obrigatórias ou opcionais, eventos interdisciplinares, cursos e atividades de extensão na área ambiental;

•  não suscita projetos de pesquisa em nível de graduação que contemplem a problemática ambiental.

Se pensarmos bem, os próprios cursos das Universidades diferem em sua atuação na sustentabilidade. São causas da degradação ambiental e social, áreas de atividade como: Economia, Administração e Negócios; Engenharias Química, Civil e outras; Urbanismo, Agronomia; Indústria e tecnologias diversas.

São conseqüência ou agem como prevenção da degradação social e ambiental, entre outras: Medicina e Saúde Pública; Enfermagem e Farmácia; Biologia e Ecologia; Sociologia, Educação, Pedagogia. Essas e outras matérias são ensinadas e pesquisadas na Universidade. Assim, podemos dizer, que a sustentabilidade ambiental depende de forma como essas áreas são abordadas na sala de aula, laboratórios e atividades de extensão.

Vejamos um dado interessante para completar esse raciocínio. Nos “Melhores cursos” do Brasil (Guia do Estudante, 2006) existem referências explícitas a preocupações ambientais em 12,8 % desse universo. Porém, em 96 áreas de graduação, apenas duas são focadas exclusivamente na área ambiental. 37,5% dessas 96 áreas de graduação foram consideradas com impacto profissional potencialmente crítico para a sustentabilidade.

A partir destes dados, podemos afirmar que: a inserção da temática ambiental no ensino superior brasileiro é apenas emergente e a situação é muito heterogênea, variando de Instituição para Instituição. Os casos existentes de sustentabilidade no ensino superior dependem, freqüentemente, de esforços individuais ou de grupos de docentes / pesquisadores, e menos de decisões de gestão .

Se pegarmos o Mapeamento da Educação Ambiental em instituições brasileiras de Educação Superior: elementos para discussão sobre políticas públicas” (RUPEA, 2005) –
levantamento em 27 universidades de 11 estados – veremos que existem dificuldades na inserção de Educação Ambiental no meio acadêmico, em grande parte devido à ausência de:

•  vontade política (apatia e pouco envolvimento da alta gestão institucional e governos);

•  gestão adequada à mudança (falta de recursos humanos e financeiros para pesquisa na área ambiental, falta de informação, pouco incentivo à inovação, diálogo deficiente com a comunidade interna e externa);

•  elementos culturais complexos (conservadorismo e resistência à mudança da parte de gestores, coordenadores e docentes).

Acontece, desse modo, que a ação da Universidade brasileira e de modo geral a latino-americana é muito pontual, fragmentada, apresentando ações verticais como a introdução de uma ou outra disciplina ou cátedra no seu portifólio de disciplinas, mas sem ações horizontais , como a sensibilização dos gestores de topo das universidades públicas e privadas, à inserção estratégica do tema no Projeto Pedagógico Institucional; Plano de Estudo; ou formação mais ampla e integral aos seus alunos, que incluam a inter e a transdisciplinaridade do conhecimento, visando uma abordagem sistêmica da sustentabilidade.

Ponto 5 – Tímida integração das Universidades com as empresas

O papel da Universidade como consultor e provedor de know-how científico e tecnológico em meio ambiente e sustentabilidade não é devidamente aproveitado pelas empresas e outras organizações e pelo poder político. Este, adia ou omite freqüentemente sua intervenção esperada junto das empresas e investidores, e também no governo dos centros urbanos.

Ponto 6 – Falta de informação

Apesar de algumas iniciativas no sentido de mapear a sustentabilidade no ensino superior, não existe, no Brasil, informação extensiva e precisa nesta área. Pelo que foi possível pesquisar a respeito, a situação em outros países da América Latina é em tudo semelhante. É fato em nossa realidade que não existe um sistema ou base de informações estruturado a respeito do tema . O que se pode afirmar, a esta altura do processo, com base nos acessos disponíveis (Congressos, Bibliografias, cátedras) e a partir desta realidade (apesar das várias tentativas de coletas de informação, pesquisas realizadas em tantos sites) é que a atuação da Universidade latino-americana em prol do Desenvolvimento Sustentável se esgota em iniciativas isoladas, nem sempre institucionalizadas nas estruturas acadêmicas ou nas preocupações da Universidade como instituição, e em sua Gestão. Pude constatar, até tendo pesquisado no âmbito da OUI, enquanto Presidente, a ausência de uma ação integrada, sistêmica, das Universidades, sendo sua atuação, como foi dito anteriormente, em geral isolada, extremamente dificultosa, pouco conhecida e, freqüentemente, pouco reconhecida. Disto decorre a necessidade de aprofundamento do tema mesmo em termos da conceituação de Desenvolvimento Sustentavel e de suas relações entre a dimensão ambiental e a dimensão global (envolvendo os aspectos sociais, econômicos, políticos, éticos, e culturais). Este aprofundamento irá permitir às Universidades definir com mais exatidão suas responsabilidades diante da questão, além de sinergizar esforços com outras organizações.

Colocadas estas premissas em nossa busca por dados, poderia elencar algumas experiências isoladas ou as ditas “melhores práticas” nas nossas Universidades. Porem, para não corrermos sempre o risco de omitir outras tantas, talvez as melhores e mais significativas. Colhendo aqui e ali algumas iniciativas corro o perigo de cair na parcialidade, mas o mais importante é reconhecer, assumir a imposição honesta - e diria, acadêmica - de que o conhecimento efetivo da atuação da Universidade latino-americana no desenvolvimento sustentável de nossos paises é muito precário. Enquanto a economia, a cultura, a realidade social estão interdependentes em nosso Continente - como, aliás, no mundo globalizado - nossas Universidades continuam isoladas, não interconectadas. Este isolamento pode começar a ser “quebrado” a partir deste Simpósio – e de sua ação voltada a construir um processo de desenvolvimento sustentado.

De todo modo, estou anexando a esta palestra, interessantes iniciativas, práticas e experiências de Universidades e instituições consideradas sustentáveis. A partir do debate com os senhores e posterior análise critica, mais profunda destes documentos provocatórios, espero subsídios para a complementação das melhores experiências latino-americana.

 

Parte 5 – Ações possíveis de desenvolvimento sustentável

“Todo conhecimento deveria ser traduzido em ação”.

Albert Einstein

É muito bom passarmos dias expondo e discutindo temas, mas é mais gratificante ainda delinear caminhos que abram perspectivas da melhor coisa da vida: a ação prática, a aplicação do que pesquisamos e nos interessamos.

A ação prática, não é benéfica sem formularmos as perguntas certas, sobre premissas corretas. Assim, para nortear a ação não só das Universidades latino-americanas, mas também dos governos e organizações públicas e privadas, alem da sociedade civil de todo o mundo , quero deixar as seguintes reflexões sobre premissas para a nossa ação efetiva e articulada.

1 – Fazer as perguntas certas

Para estimular a pergunta certa, convêm avaliar a reflexão sobre crise X oportunidade, pois podemos estar frente a uma crise global , porem, liderarmos a transformação dela em oportunidade , pode despertar à ação que reforme o sistema ou permita-nos reinventa-lo . A liderança essencial à este processo, harmonizando a convergência de idéias, tende a ser responsabilidade exclusiva de nossas organizações, apoiados pelos órgãos públicos e pela sociedade civil. Neste processo de coragem para ação de transformação da crise em oportunidade , é fundamental o uso pleno da criatividade . Acredito que as estratégias a serem adotadas irão impor um processo evolutivo, que obrigatóriamente terá que se iniciar por políticas públicas e leis, inclusive as de mercado, que levem toda a sociedade a sentir paixão por resgatar valores humanos essenciais. Isso significa apostar na educação, inclusive considerando educar a própria Universidade. Entendo, que a adoção plena destas idéias, provocativas reconheço, se observadas sob dimensões mais ampliadas, em nível de América Latina, por exemplo, nos leve a soluções como a criação de uma Cátedra Latino Americana, comum entre todas nossas instituições e paises, permitindo a discussão pontual, mas com foco global, que induza à adoção das medidas e ações efetivas e necessárias, para de fato, darmos nossa contribuição para sustentabilidade do mundo,

2- Pensar um modelo geral e visão de operacionalidade sustentável

A titulo de discussão e sugestão, incluo e comento, a seguir, alguns quadros que demonstram o que estamos desenvolvendo na UNISUL sobre o tema.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3- Pensar a formação de redes

Como Presidente da OUI, dei continuidade na montagem de redes do COLAM (Colégio das Américas) que articulassem as Universidades, e algumas delas estão implantadas e disponíveis. São elas: Rede em Determinantes Sociais da Saúde; Gestão Ambiental e Ecoturística; Mulheres e Desenvolvimento; Educação e Telemática; Formação de Formadores em Educação Indígena ; Conectividade de Bibliotecas Universitárias; Governo Eletrônico; Formação de Mestres. Este ano, estará sendo implantada uma rede sobre governabilidade, que trata, também, entre outros, do tema sobre a importância da governança para o desenvolvimento sustentável. Embora, como vocês podem perceber, muitos temas tenham a ver com a sustentabilidade, eu não consegui instalar na rede do COLAM um programa de cooperação das Universidades latino-americanas no que se refere a este importante tema do Desenvolvimento Sustentável.

Este Simpósio pode e deve ser um marco nesta efetivação de redes em temas específicos, pois o momento exige um trabalho persistente, estruturado e eficaz de intercâmbio de experiências e de troca de informações, de articulação das Universidades latino-americanas, com vistas, não só ao aprofundamento e ao reconhecimento de sua ação, mas com vistas à cooperação mútua e a ampliação da sinergia dos processos. Creio que se impõe como necessidade urgente, neste momento, implantar uma rede de informações e cooperação que interconecte, articule e difunda as ações de nossas Universidades, e suas formas de contribuir para com o processo de desenvolvimento sustentável de nossa América latina.

Permito-me sugerir que a Universidade Veracruzana , pelas suas iniciativas, poderia inserir-se ou liderar este processo, em função de sua consciência, de suas ações e inclusive da própria concepção e estrutura e organização de seus campi, ou de iniciativas como a deste Simpósio liderar este processo. Quem sabe até num novo Simpósio, pudesse aqui congregar-se Universidades da América Latina, a expor suas experiências e propor a operacionalidade deste propósito. Creio que a América Latina está esperando isso de suas Universidades.

Neste contexto creio que a Universidade latino-americana será capaz de assumir a integralidade de um posicionamento responsável e comprometido socialmente, em sua Missão : O desenvolvimento de seu próprio saber, regionalizado, comprometido com sua realidade, mas integrado e iterativo com o mundo globalizado e com nossa casa comum – a América. A formação de cidadãos plenos, capazes de contribuir para a criação de uma sociedade mais humana, nesta fascinante era da pós-tecnologia. A contribuição para o desenvolvimento sustentável de nossa América, de modo que nossos paises possam ser construtores do futuro dentro dos valores que constituem nossa identidade essencial: o ser humano, a solidariedade, a participação, a justiça social – fundamentos essenciais da democracia e da paz .

Cabe-me, aqui, anunciar que a UNISUL estará instalando ainda este ano, uma Cátedra intitulada “Sociedade e Universidade do Futuro”. E sta cátedra pode ser, também, o elemento aglutinador de todas as idéias aqui debatidas a respeito de Universidade e Desenvolvimento sustentável.

Para finalizar, quero agradecer a todos a oportunidade não só de contribuir, mas também de aprender a partir de ricos pontos de vista aqui colocados e compartilhados, de tantas instituições. O jeito latino-americano de ser valoriza muito a convivência, a troca, e a positividade diante da vida.

 

ANEXO:

INICIATIVAS, PRÁTICAS E EXPERIÊNCIAS DE UNIVERSIDADES E INSTITUIÇÕES CONSIDERADAS SUSTENTÁVEIS:

1) Carta da Terra: iniciativa da Amana-Key , organização de Desenvolvimento e Educação sediada em Cotia-São Paulo , que congrega pessoas de toda a América para a elaboração de uma Carta de Princípios da Terra que se propõe a reger ações das indústrias, empresas, organizações e pessoas para o Desenvolvimento Sustentável. A Amana-Key é dirigida pelo estrategista Oscar Motomura, já formou mais de 50.000 executivos em todo o Brasil e tem parcerias com pessoas importantes do cenário mundial como Fritjof Capra, Amory Lovings (que publicou no Brasil o livro “Capitalismo Natural”) e a recém-falecida Anita Roddick, fundadora da rede The Body Shop (seu livro no Brasil se chama “Meu Jeito de Fazer Negócios”) e que militava pela causa da responsabilidade dos empresários na sustentabilidade e justiça social.

A Carta da Terra é a mais abrangente afirmação de princípios para o desenvolvimento sustentável , pois engloba 4 pontos fundamentais: respeito à vida, integridade ecológica, justiça econômica, social e democracia, não violência e paz. É o documento internacional redigido com a maior participação dos mais variados grupos de todo o planeta e pode ser uma referência fundamental para quaisquer organizações, privadas, governamentais ou do terceiro setor.

Incluso, ao final, o inteiro teor da Carta.

2) Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente e Desenvolvimento (NIMAD), e Cátedra de Desenvolvimento Sustentável - Universidade do Paraná – o NIMAD é a unidade interdepartamental e inter-setorial que congrega atualmente mais de 50 departamentos da universidade. Uma das constatações iniciais deste Núcleo e dos pesquisadores e professores a ele associados foi a de que era necessário trazer para a academia práticas de reflexão e ação que se desenvolviam principalmente em outros âmbitos da sociedade , como os próprios órgãos públicos, federais, estaduais e municipais, além das organizações não-governamentais, voltados para o trato imediato de problemas de conservação e desenvolvimento. A discussão da questão ambiental e as tentativas de implantação destas abordagens integradoras não prosperavam na universidade por problemas estruturais, históricos e epistemológicos.

Instrumental para o avanço destas discussões sobre a temática ambiental foi a atribuição à UFPR de uma Cátedra UNESCO para o Desenvolvimento Sustentável. A finalidade geral do Plano de Cátedras da UNESCO, segundo sua própria constituição, é a transferência de conhecimentos, facilitando o acesso à informação e reduzindo as disparidades que separam países desenvolvidos e países em desenvolvimento no que se refere à ciência e tecnologia. As atividades preparatórias para a atribuição da cátedra culminaram em julho de 1993 com um amplo seminário internacional, que reuniu em Curitiba (Paraná) mais de 50 pesquisadores e professores originários de dezenas de universidades das Américas e da Europa. Na ocasião, foram discutidas e avaliadas formas de intercâmbio científico e cooperação inter-universitária como uma das bases essenciais para a formação de pessoal em cursos de alto nível.

Em 21 de março de 1994 foi oficialmente concedida à Universidade Federal do Paraná uma Cátedra UNESCO para o Desenvolvimento Sustentável. A Cátedra da UFPR compreende, desde a sua concepção e implantação, um conjunto de atividades de formação, de pesquisa, de informação e de documentação. No centro destas atividades, estão a valorização dos recursos naturais e a análise das dimensões econômicas, sóciopolíticas e sócio-culturais do desenvolvimento sustentável em uma perspectiva interdisciplinar. Estes pressupostos devem, por sua vez, conduzir à aprendizagem de técnicas aplicáveis em distintas regiões e ao reforço das capacidades de formulação de políticas integradas de meio ambiente e desenvolvimento.

A Cátedra permite igualmente o reforço da cooperação científica internacional, animando e coordenando ações conjuntas com uma rede de instituições, entre as quais se destacam a Universidade de Paris 7, a Universidade de Bordeaux 2 e a Escola de Arquitetura de Paris La Villette , além de várias universidades brasileiras, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade de Campinas.

3) Projeto Inter e MultiDisciplinar da PUC-RS intitulado “TECNOLOGIAS PARA MITIGAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS ”: O grupo de Tecnologias para Mitigação de Impactos Ambientais foi criado em 2006 e é um case interessantíssimo da relevância da Interdisciplinaridade principalmente no assunto do Desenvolvimento Sustentável. Seu foco são as duas linhas de pesquisa: (1) o monitoramento ambiental, que trata da gestão e padrões de qualidade do meio ambiente e (2) o seqüestro de carbono, que visa a redução e estabilização de gases de efeito estufa, notadamente o dióxido de carbono, para mitigação das mudanças globais.

Neste grupo, o portfolio de soluções para a estabilização de emissões é composto por cinco grupos principais: eficiência e conservação pelo usuário final, geração de energia, captura e armazenamento de carbono, fontes alternativas de energia, e agricultura e reflorestamento. Estes grupos podem ser divididos em 15 tecnologias, refletindo um grupo que apresenta visões bastante diferenciadas do “mesmo problema”. O Grupo deste Projeto hoje é constituído por 13 Professores Pesquisadores das Faculdades de Química, Engenharia e Filosofia e Ciências Humanas e do Instituto do Meio Ambiente, além de alunos de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia dos Materiais (PGETEMA), e alunos de iniciação científica das diferentes unidades acadêmicas citadas, com bolsas do CNPQ, FAPERGS e PUCRS. Estão previstos ainda, através dos projetos financiados pela PETROBRAS, as contratações de 18 pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento (química, geologia, arquitetura, engenharias), além de 15 novas bolsas de iniciação tecnológica industrial, e dois técnicos de nível médio (química e informática), perfazendo mais de 2 milhões de reais em investimento em recursos humanos para o período 2007-2008.

Além de pertencerem às áreas acima descritas, entre os outros fatores que facilitam a integração do grupo podemos citar como principal o perfil dos profissionais que nele atuam, como capacidade de trabalhar em equipe, de dividir tarefas, com vontade de aprender novas áreas, e assim identificar novos nichos de atuação em temas de alta relevância para a Universidade e a Sociedade. Outro fator altamente positivo é a rede de relacionamentos, que quando se atua em equipe aumenta significativamente, facilitando a identificação de parceiros, tanto na Universidade, quanto fora desta.

4 - UNISUL:

A UNISUL encontra-se em fase emergente de inserção das questões e práticas ambientais. A universidade tem feito um esforço considerável nos últimos anos para entrar na mainstream das mudanças pró-ambientais.

•  A Universidade tem grupos de pesquisa, núcleos e projetos de pesquisa voltados exclusivamente para a área ambiental, tanto em nível de Mestrado como de Graduação, além de laboratórios especializados, destacando-se, pela relevância da atuação especializada o Laboratório de Ciências Marinhas (Laguna-SC) focado na pesquisa dos biomas marinhos e na exploração sustentável dos recursos costeiros .

•  Ainda na área da energias renováveis , existem dois projetos de pesquisa de fontes alternativas de energia , um envolvendo o curso de Engenharia Elétrica-Telemática de Grande Florianópolis e o curso de Agronomia do campus Tubarão; outro, em parceria com a UFRJ e a UFSC, através do Centro de Pesquisas em Energias Alternativas e Renováveis da Unisul.

•  A Unisul encontra-se envolvida, nos últimos 4 anos, com entidades estaduais e municipais, no projeto de recuperação e manejo sustentável da bacia hidrográfica do Rio Tubarão e complexo lagunar .

•  O curso de Engenharia Ambiental coordena dois projetos de monitoramento da ictiofauna na região do Oeste de Santa Catarina e um outro projeto de recuperação de áreas degradadas por atividades de mineração, urbanização e agropecuária na região sul de Santa Catarina. Além de atividades diversas de educação ambiental.

•  Grupos de Pesquisa GRUPEP (Arqueologia) e ANPAP-EA (Ecologia de Paisagem e Educação Ambiental), este ligado ao Mestrado em Educação, têm projetos comuns em curso, ainda em cooperação com os cursos de graduação em Pedagogia, Biologia, História e Arquitetura e Urbanismo, tratando o patrimônio arquitetônico e natural como fatores de sustentabilidade e de educação ambiental .

•  Diversos docentes e pesquisadores da Unisul, nos últimos anos, participaram congressos e seminários nacionais e internacionais sobre sustentabilidade e educação ambiental, e viram suas pesquisas e produção intelectual publicadas em revistas científicas, anais, livros e seus capítulos.

CARTA DA TERRA (na integra)

A CARTA PROPRIAMENTE DITA

E stamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela

natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.

TERRA, NOSSO LAR

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra , nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

A SITUAÇÃO GLOBAL

Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes

da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

DESAFIOS FUTUROS

A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.

RESPONSABILIDADE UNIVERSAL

Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza. Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada.

PREÂMBULO

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.

a. Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.

b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.

2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.

a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.

b. Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a maior responsabilidade de promover o bem comum.

3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.

a. Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial.

b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.

4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras gerações.

a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.

b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo.

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA

5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a vida.

a. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.

b. Estabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.

c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados.

d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a

introdução desses organismos prejudiciais.

e. Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas.

f. Administrar a extração e o uso de recursos não renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que minimizem o esgotamento e não causem dano ambiental grave.

6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.

a. Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou irreversíveis, mesmo quando o conhecimento científico for incompleto ou não-conclusivo.

b. Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas sejam responsabilizadas pelo dano ambiental.

c. Assegurar que as tomadas de decisão considerem as conseqüências cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das atividades humanas.

d.Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.

e. Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.

7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.

a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.

b. Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento.

c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias ambientais seguras.

d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam às mais altas normas sociais e ambientais.

e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.

f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.

8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido.

a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.

b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar humano.

c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam disponíveis ao domínio público.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA

9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.

a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não-contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos nacionais e internacionais demandados.

b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.

c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.

10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.

a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.

b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.

c. Assegurar que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.

d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas conseqüências de suas atividades.

11. Afirmar a igualdade e a eqüidade dos sexos como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas.

a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.

b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.

c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os membros da família.

PRINCÍPIOS CARTA DA TERRA

12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.

a. Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.

b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas com condições de vida sustentáveis.

c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.

d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.

IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ

13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.

a. Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que possam afetá-las ou nos quais tenham interesse.

b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações interessados na tomada de decisões.

c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de associação e de oposição.

d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais administrativos e independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.

e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.

f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.

a. Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.

b. Promover a contribuição das Artes e Humanidades, assim como das Ciências, na educação para sustentabilidade.

c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.

d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de vida sustentável.

15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.

a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimento.

b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.

c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não-visadas.

16. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.

a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.

b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.

c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma postura defensiva não-provocativa e converter os recursos militares para propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.

d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa.

e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção ambiental e a paz.

f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.

O CAMINHO ADIANTE CARTA DA TERRA

Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.

Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global.

Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria.

A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital a desempenhar.

As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva. Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o desenvolvimento. Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.

Fonte:

http://www.amanakey.com.br/inovacoes2008/Carta%20Terra_Integral.pdf

 

Bibliografia:

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•  GELI, A. M. ; JUNYENT, M., SÁNCHEZ, S. (Eds.). Ambientalización curricular de los estudios superiores : 4- Acciones de Intervención para la Ambientalización Curricular de los Estudios Superiores. Girona: Universitat de Girona / Red ACES, Servei de Publicacions, 2004.

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•  SILVA, A. D. V. da. Sustentabilidade no ensino superior: a emergência de uma universidade ambientalmente responsável. In: GUERRA, A. F. S. ; TAGLIEBER, J. E. (Orgs.). Educação ambiental e formação crítica: fundamentos e desafios . Coleção Plurais Educacionais. Itajaí: Editora Maria do Cais / Editora Univali, 2007. [U]

•  SILVA, A. D. V. da ; MARCOMIN, F. E. A universidade sustentável: alguns elementos para a ambientalização do ensino superior a partir da realidade brasileira. In: I Congreso Internacional de Educación Ambiental dos Países Lusófonos e Galicia. Santiago de Compostela, 24-27 de setembro de 2007. Anais. [Cd-Rom]. [U]

•  TABACOW, J. Sustentabilidade, euforia utópica ou logorréia estéril? In: GUERRA, A. (org.) Iniciativa Solvin 2006: arquitetura sustentável . São Paulo: Romano Guerra Editora, 2006. 112p. p.11-21. [U]

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Outras obras utilizadas ou citadas:

  • As Conexões Ocultas, Fritjof Capra
  • A Teia da Vida, Fritjof Capra
  • Capitalismo Natural, Amory Lovins
  • The Natural Step: a história de uma revolução silenciosa
  • O Banqueiro dos Pobres, de Muhamed Yunus
  • Participação e Solidariedade, Osvaldo Della Giustina
  • Anita Roddick: Meu Jeito de Fazer Negócios
  • Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, Stephen Covey
  • O 8º Hábito das Pessoas altamente eficazes, Stephen Covey

Essere Leader, Daniel Goleman

  • As Veias Abertas da América Latina, Eduardo Galeano
  • High Tech, High Touch – John Naisbitt

Sobre este tema, um grande livro escrito foi “O Colapso – Como as Sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso”; nele, o autor Jared Diamond diz que: “Atualmente, o risco de tais colapsos é motivo de preocupação crescente. De fato, os colapsos já se materializaram para países como Somália, Ruanda e outras nações do Terceiro Mundo. Muitos temem que o ecocídio tenha superado a guerra nuclear e as novas doenças como uma ameaça à população mundial. Os problemas ambientais que enfrentamos hoje em dia incluem as mesmas oito ameaças que minaram as sociedades do passado (desmatamento e destruição do hábitat, problemas com o solo – erosão, salinização e perda de fertilidade - , problemas com o controle da água, sobrecaça, efeitos de introdução de outras espécies sobre as espécies nativas e aumento per capita do impacto do crescimento demográfico) e quatro novas ameaças:mudanças climáticas provocadas pelo homem, acúmulo de produtos tóxicos no meio ambiente, carência de energia e utilização total da capacidade fotossintética do planeta.”

Basta lembrar os Países de Primeiro Mundo que se negam a assinar os Protocolos Internacionais para redução do gás carbônico na atmosfera.

Osvaldo Della Giustina – “Participação e Solidariedade”, Editora UNISUL – 2004

Alguns indicadores nos devem alertar que, enquanto o crescimento do PIB, ou de outros fatores considerados pela média, tem crescido globalmente em torno de 3%, os índices de concentração se situam em números superiores ao dobro desses índices, o que significa que os mais opulentos absorvem a totalidade do crescimento econômico, o seu próprio das parcelas periféricas, agravando a exclusão cujo processo se alastra no mundo.

Sobre isso fala Fritjof Capra, em “As Conexões Ocultas”: “Atualmente, estes dois movimentos (o capitalismo global, e o projeto ecológico) encontram-se em rota de colisão: ao passo que cada um dos elementos de um sistema vivo contribui para a sustentabilidade do todo, o capitalismo global baseia-se no princípio de que ganhar dinheiro deve ter precedência sobre todos os outros valores. Com isso, criam-se grandes exércitos de excluídos e gera-se um ambiente econômico, social e cultural que não apóia a vida, mas a degrada, tanto no sentido social quanto no sentido ecológico. O grande desafio que se apresenta ao século XXI é o de promover a mudança do sistema de valores que atualmente determina a economia global e chegar-se a um sistema compatível com as exigências da dignidade humana e da sustentabilidade.”

Poderiam ser fontes de financiamento da Universidade Sustentável: O Governo Federal e Estadual (em programas e projetos pró-sustentabilidade); Organismos federais e estaduais de fomento à ciência e à pesquisa; Organismos, programas e instâncias internacionais, e outras Universidades; Fundações e ONGs Nacionais e Internacionais; Empresas e Grupos Econômicos.

Isso nos faz, então, pensar nas seguintes perguntas:

•  como a gestão universitária está lidando com a integração de Ensino, Pesquisa e Extensão para produzir resultados efetivos?

•  como está sendo contemplada a sustentabilidade ambiental na universidade? - na produção de conhecimento (Pesquisa); nos cursos (Ensino); e na difusão de informação útil à sustentabilidade regional (Extensão).

IES como a FGV (Rio de Janeiro), UFMT (Mato Grosso) UFSCAR (São Paulo), UFSC e Univali (Santa Catarina), UFRG e Unisinos (Rio Grande Sul) têm tido destaque em iniciativas partindo da Reitoria e de docentes e pesquisadores.

Para maiores informações, acessar www.amana-key.com.br

Exemplo achado do livro: “Inovação e Interdisciplinaridade na Universidade.”, publicado pela PUCRS e FINEP.